sábado, 25 de agosto de 2012

Mais uma página


Aquele homem, com seus olhos castanhos claros marejados, olhou-me de forma severa, mas terna e disse:

- É meu filho. Quando senti a dor no peito,aí eu disse: 'Pronto. Vou morrer sem ver mais minha família'.

E aquilo me doeu tanto por dentro.
Quis poder voar com ele dali. Pagar o melhor local, a melhor clínica do mundo pra ele. Mas eu nada podia fazer.
Um sentimento de total incapacidade, de impotência mesmo, tomou conta do meu coração, do meu interior e se traduziu em lágrimas. Choro reprimido e expelido minutos depois, perto de um banheiro imundo daquele lugar.
Tinha que ser forte por ele ( ou por mim. Ou por ambos)
Voltei. Olhei nos olhos dele e disse:
-Vai ficar tudo bem. É só ter fé.

Ao  meu redor, milhares de macas passavam, com pessoas, ou restos delas. Era uma visão triste tudo aquilo meu Deus!
Enfim, os que faltavam chegaram e adentraram o quarto.
Foi festa como há tempos não fazíamos.
Foi festa, até o momento de ir embora.


Por Jefferson Oliveira

Um comentário:

  1. Caraca Jeff, me lembrei do meu Avô, que teve de passar uma noite inteira nos corredores de hospital, e hoje está ao lado de Deus. Talvez, se tivessem colocado ele na UTI quando ele chegou lá, ele tivesse se salvado. Tantas pessoas sofrem nisso ai, e a gente, sabendo ou não, não fazemos nada para combater esse descaso

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