sábado, 28 de janeiro de 2012

Saudade do violão - Reciclado


Meu violão tem uma simbologia muito forte pra mim.
Na época eu tinha menos responsabilidades.

(Será que é crime não querer responsabilidades de vem em quando?)

Fingia que sabia tocar.



Com ele passei muitos momentos matando meu tempo, fazendo nada,

Brincado de cifrar minha vida.

Contando pra ninguém das minhas decepções e das minhas paixões

Virei seresteiro das paredes naquela época.



Meu violão tá ali no quarto, já velhinho. Mas eu me recordo de muita coisa quando o pego.

Ele é um companheiro e tanto.

E qual o seu violão?

O que te faz voltar ao passado, lembrar de um tempo bom?

Se você não abraça o passado, não vive bem o presente.

O que te faz voltar ao passado?



É o chaves, o carrinho de mão ou o Kichute?

Será o jogo de homem-pega-mulher, a boneca da Barbie ou o boneco dos Power Rangers?

Quem sabe sejam as balas soft ou os biscoitos palhacitos.

Lembra daquele horário da Escolinha do professor Raimundo?

Saudade né?



E o que te fazia feliz?

Teu disquete? Assistir Cavalo de fogo, ursinhos carinhosos ou quem sabe He-man?

Viu?Você não precisava de muito pra ser feliz.



Um violão, um desenho ou algum brinquedo.

Eles nos levam a instantes ímpares em nossa vida.

Nos remetem à alguma pureza, nos lembram de bons momentos.

E muitas vezes nos ajudam a ter um encontro com a gente mesmo.

A retomar a posse daquilo que somos, daquilo fomos, daquilo que somos nós.

Tomar posse do passado pra viver o presente.

Por isso, volte às origens, abra o coração e volte a ser quem era.

Porque o presente é um presente e hoje é tempo de recomeçar.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Partida do viajante



Ele esperava a chegada do carro que o levaria embora da casa onde morou por 21 longos anos.


Era fim de tarde e ele tinha como fundo musical(como se aquilo fosse um filme) a trilha "vida de viajante", tão bem cantada por Luiz Gonzaga. E claro, não podia faltar "No dia em que eu saí de casa".

As horas pareciam se arrastar. Eram amargas. E pela mente dele passavam incontáveis lembranças. Relembrou de quando quebrou o dedo ali na porta da escada, de quando criança ao se arrumar no quarto para a festa de formatura e do Nick(seu fiel escudeiro que por anos morou ali também).


Esperou, viu os seus sofrerem ali ao redor. Seu avô, orgulhoso que é, chorava silenciosamente lá em baixo, na garagem. Não teve coragem de dizer ao neto que queria que ele ficasse. Sua avô teve um mal estar mais cedo e também chorara porque, por mais que brigasse, discutisse com o neto ,amava-o. Da forma dela, mas amava-o.

A tia foi na verdade sua mãe a vida inteira. Ela não aguentaria ficar ali para ver a partida do 'filho'. Saiu para a casa de um parente sem despedir-se dele.

Só no fim da noite o tio dele chegava para levá-lo para o seu novo lar.

O avô desceu as escadas, sentou, ficou calado. O neto despediu-se. Disse:

-Bênça vô?

-Deus o abençoe. (Tristonho, acabado e com os olhos marejados)


O neto pensou: "To saindo daqui com dó muito grande. Lágrimas nos olhos e o coração na mão."

Enquanto fechava a porta do carro, olhando para a casa que aos poucos ficava para trás, lembrava:

"Eu sei que ela nunca compreendeu

os meus motivos de sair de lá

Mas ela sabe que depois que cresce

o filho vira pássaro e quer voar"