quarta-feira, 2 de março de 2011

MARIA DAS DORES

Ela era força, era garra, coragem pura.
Heroína, guerreira do cotidiano.
Guria nas ruas, pequena enorme mulher.
Mulher nas ruas, mulher em casa.


Heroína!
Repito: HE-RO-Í-NA!
Ela não fazia parte da "nave BBB" ou tinha nome artístico.
Não era pêra, maçã ou melancia.
Não era "fruta", não era heroína à la BBB.

A sociedade não se importava com a sua história.
De onde veio,pra onde iria ou o que já sofreu os transeuntes não queriam saber.
Não se importavam.

Se importam com o fulano que "ficou" com a fulana na bendita, amada casa, nave de heróis.
Mas não dão a mínima para aquela mulher que elês nem vêem.
Portanto, como olhar o que não se vê.

Era a força do povo correndo nas veias de uma mulher.
Era a luta do mais simples representada no rosto dela.
Ela era catadora de papelão. Mãe de cinco filhos.
Maria das flores, flores que nunca viu.
Das dores, constantes no dia-a-dia.
Das dores, fosse de fome, fosse, fosse, ela foi-se.

Maria das dores, dores não mais terá.
Faleceu.
"Bala de polícia moço. Vi 'tudim'. A coitada roubou os pão pra dá pros filho. Me diga:
Ela era culpada por querer comer moço?"

Flores pra Das dores. Direito a epitáfio não teve.

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